COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ
1. HEMORRAGIAS NA GESTAÇÃO
Exigem sempre muita atenção, pois a vida da mãe e do feto corre risco. São mais comuns no 1º e 3º trimestre da gestação.
Causas
• 1º trimestre : aborto, mola hidatiforme, gravidez ectópica;
• 2º trimestre : placenta prévia, deslocamento prematuro de placenta, rotura uterina;
2. ABORTO ESPONTÂNEO
Considera-se abortamento a interrupção da gravidez até a 20ª, 22ª semana, ou seja, até o quinto mês de gestação. A expulsão da concepção antes da viabilidade do feto ocorre em cerca de 20% das primigestas (primeira gestação) e pode ocorrer no 1º trimestre da gestação.
Tipos de abortos:
• Espontânea : aquele que ocorre sem interferência externa;
• Provocado : ilegal; legal: nos casos de estupro;
• Terapêutico : quando há ameaça para a vida da mãe ou do quando ela contrai doenças, que acarretam anomalias para o feto;
• Retido: retenção do feto no útero, após sua morte; BCF ausente
Causas
- Anomalias dos gametas;
- Má inserção do ovo;
- Exercícios bruscos;
- Desequilíbrio hormonal;
- Insuficiência da placenta;
- Doença Parasitária como a Toxoplasmose:
- Algumas infecções vaginais, como a clamídia e a vaginose bacteriana, sem o devido tratamento podem ser causa de abortamento.
Sintomas
• Sangramento vaginal;
• Contrações uterinas freqüentes e dolorosas;
• Eliminação parcial ou total do conteúdo uterino;
Tratamento
Depende do tipo de aborto:
• Ameaça de aborto: repouso no leito; uso de hormônios (progesterona); antiespasmódicos e sedativos (diminuem contrações);
• Após aborto: geralmente é feita a curetagem uterina; uso de ocitócitos (estimular contração uterina); antibioticoterapia, transfusão de sangue (se necessário);
• Aborto retido: curetagem uterina; indução do parto;
Cuidados de Enfermagem
- Apoio emocional;
- Observar sangramento e eliminação de coágulos;
- Encaminhar a cliente ao exame de ultrasonografia, se indicado na cadeira de rodas, para evitar esforços.
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Proporcionar repouso absoluto a paciente no leito;
- Observar quantidade e aspecto do sangramento através do “forro perineal – um tipo de fraldão”;
- Monitoramento dos dados Vitais, (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Hidratação, coleta sanguínea e medicação endovenosa de acordo com a prescrição médica;
- Manter a paciente em jejum absoluto;
- Promover o esvaziamento da bexiga da paciente;
- Encaminhar paciente para o bloco cirúrgico para a realização da curetagem (raspagem da mucosa uterina) de acordo com o tipo de aborto;
- Sigilo profissional em relação ao aborto.
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
Complicações: hemorragia, perfuração uterina, infecção, esterilidade.
3. PRÉ-ECLAMPSIA E ECLAMPSIA
São conhecidas como doença hipertensiva da gravidez DHEG. Ocorre com mais freqüência no 3º trimestre da gravidez, podendo aparecer durante e após o parto. A pré-eclâmpsia caracteriza-se pelo aparecimento da tríade: hipertensão, edema e proteinúria (albuminúria).
Se não for devidamente tratada surgirá a crise convulsiva, ou coma, que carcteriza a eclâmpsia.
CLASSIFICAÇÃO DA PRÉ-ECLAMPSIA
a) PRÉ-ECLAMPSIA LEVE
Pressão Arterial (PA): ACIMA DE 140X90(+)
PROTEÍNURIA (presença de proteínas na urina) MAIOR QUE 0,5G/1.000 ML( ++)
b) PRÉ-ECLAMPSIA GRAVE
PA: CIMA DE 160X100(+++)
PROTEÍNURIA MAIOR QUE 5G/1.000 ML (++++)
Sintomas
Pré-eclampsia: hipertensão arterial, edema, albuminúria, perturbações visuais, dores gástricas, vômitos, ganho súbito de peso, urina escassa;
Eclampsia: agravamento dos sintomas de pré-eclampsia, cefaléia, vertigens, sonolência, crises convulsivas e coma.
Tratamento
- Pré-eclampsia: dieta pobre em sal, diuréticos (tomar pela manhã), hipotensores, controle da P.A. freqüentemente;
- Eclampsia: exige intervenção hospitalar; medicamentos usados (sedativos, hipotensores, diuréticos, antibióticos, antipiréticos); hidratação venosa, transfusão de sangue (quando o hematócrito estiver baixo); cesariana de emergência ou fórceps quando já estiver no período expulsivo; às vezes traqueostomia de urgência.
Cuidados de Enfermagem
• Isolamento da paciente em quarto arejado, silencioso e escuro;
• Evitar quedas - uso de grades;
• Durante a convulsão : proteger a língua com cânula de Guedel e articulação;
• Balanço Hídrico rigoroso : sondagem vesical;
• Oxigenoterapia: de acordo com o grau de cianose;
• Controle freqüente dos sinais vitais
• Manter aspirador montado para aspiração de vias aéreas.
- Coloca a cliente em maca com proteção lateral para o Centro Obstétrico
- Orienta aos familiares sobre a evolução do quadro da cliente
- Monitoramento dos dados Vitais de 1 em 1 hora (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Manter o isolamento da paciente em quarto arejado, silencioso e escuro;
- Observar a prostração ou a presença de espasmos musculares, que podem indicar o início de uma convulsão;
- Monitorar as queixas da cliente na presença de cefaléia e visão turva,
- Observar a coloração da pele e mucosas – a presença de cianose indica necessidade de oxigênio;
- Evitar quedas com o uso de grades nas laterais do leito durante as crises convulsivas;
- Durante a convulsão: proteger a língua com cânula de Guedel e promover cuidados com as articulações;
- Registro rigoroso do Balanço Hídrico: Realizar a sondagem vesical;
- Administrar oxigênio de acordo com o grau de cianose e prescrição médica;
- Realizar a mudança de posição da paciente no leito de 2 em 2 horas para evitar pneumonia de aspiração e úlceras por pressão;
- Manter a monitorização dos Batimentos Cardio Fetais de 1 em 1 hora;
- Observar sinais de parto;
- Observa nível de consciência;
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
4. MOLA HIDATIFORME
É uma degeneração do ovo ou zigoto, que evolui para formas císticas e adquire uma forma de bagos de uva. Esses cistos podem encher todas as cavidades uterinas, invadir a musculatura e transforma-se em um tipo de câncer. Geralmente é eliminada do 4º ao 6º mês.
Sintomas
• Aumento exagerado do útero para a idade gestacional;
• Náuseas intensas;
• Sangramento vaginal intermitente ou súbito;
• Exame de urina positivo para gestação;
Tratamento
• Vácuo-aspiração;
• Curetagem uterina, após eliminação da mola;
• Histerectomia;
Cuidados de Enfermagem (após a expulsão da mola)
- Evitar engravidar pelo menos por 1 a 2 anos;
- Exames freqüentes de urina, por pelo menos 2 anos, e se for positivo, a paciente será internada para cirurgia ou quimioterapia;
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Encaminhar paciente para realizar exames: Ultrassonografia, raio X, b hCG quantitativo;
- Verificar evidências de hemorragia e saída de vesículas;
Monitoramento dos dados Vitais, (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Aferir temperatura a cada 04 horas;
- Administrar antibiótico conforme prescrito pelo medico.
- Observar saída de secreção vaginal com mau cheiro e comunicar ao médico;
- Administrar oxigênio de acordo com prescrição;
- Comunicar alterações nas eliminações urinárias
- Encaminha a cliente ao Centro Obstétrico
- Preparar cirurgia de acordo com o protocolo;
- Identificar o material raspado durante a curetagem para encaminhar para o laboratório de análises patológicas (para pesquisa de células malignas).
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
5. GRAVIDEZ ECTÓPICA
É toda gravidez que desenvolve fora do útero. Pode localizar-se nas tubas uterinas, ovários ou órgãos abdominais ou pélvicos.
Sintomas
• Geralmente aparecem após a ruptura da trompa;
• Dor súbita e forte no baixo ventre;
• Discreto sangramento vaginal;
• Desfalecimento a palidez;
• Sinais de choque;
Tratamento
• Cirúrgico: remoção da tuba uterina afetada
Cuidados de Enfermagem
• Repouso;
• Observação constante: aparecimento do choque;
• Preparo pré-operatório;
• Após cirurgia: cuidados pós-operatórios comuns para cirurgia abdominal;
- Administrar Oxigênio por cateter nasal, a 8 litros/minuto, conforme prescrição;
- Iniciar a terapia Intravenosa, conforme prescrição;
- Monitoramento dos dados Vitais, (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Manter posição de conforto no leito para a paciente;
- Limitar os movimentos e apoiar à cliente proporcionando tranqüilidade;
- Administrar medicação para dor conforme prescrita, se necessário;
- Comunicar ao médico qualquer alteração do tipo e intensidade da dor que a paciente esteja sentindo;
- Preparar a paciente conforme o protocolo da Instituição para a cirurgia;
- Verificar quantidade de sangramento vaginal;
- Manter um registro preciso no prontuário da ingesta e excreta de líquidos = Balanço Hidrico (a excreção urinária durante a gravidez é o melhor indicador não-invasivo do volume circulatório);
- Verificar sinais de choque hipovolêmico, tais como taquicardia, hipotensão arterial, pele fria e suor pegajoso;
- Apurar o estado da acuidade mental/ nível da consciência da paciente.
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
6. ROTURA UTERINA
Pode acontecer durante a gestação e o trabalho de parto, causado pelo excesso de administração de ocitocina. É grave, a mortalidade fetal pode chegar a 80%.
Causas
• Espontâneo;
• Traumatismos;
• Mau uso de syntocinon (ocitocina)
Sintomas
• Dor súbita, violenta e localizada;
• Hemorragia e choque;
• Ausência de batimentos cardio-fetais;
• Ausência da atividade contrátil do útero;
Tratamento
• Laparotomia, para retirada do feto e histerectomia;
• Histerorrafia em alguns casos;
• Transfusão sangüínea e hidratação venosa;
• Antibióticoterapia (prevenir infecção)
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
- Monitoramento dos dados Vitais, (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Prepara a paciente para assistência cirúrgica de emergência;´
- Observa nível de consciência.
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
7. PLACENTA PRÉVIA
Caracteriza-se pelo desenvolvimento total ou parcial da placenta no segmento uterino inferior.
Tipos
• Central: cobre todo o orifício cervical;
• Parcial: cobre parcialmente o orifício cervical;
• Marginal: apenas a borda atinge o orifício;
Sintomas
• Sangramento vaginal indolor, à partir do 6º mês;
Tratamento e cuidados de enfermagem
• Internação e repouso absoluto;
• Tipagem sangüínea para possível transfusão;
• Sinais vitais maternos e fetais freqüentemente;
• Controle do sangramento;
• Nenhum exame vaginal ou retal deve ser feito;
• Cesariana: quando o feto estiver maduro;
• Observação rigorosa do sangramento no pós parto;
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
- Aferir os sinais Vitais da paciente (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Iniciar a terapia intravenosa e/ou as transfusões sangüíneas e as medicações segundo as prescrições médicas para restaurar o volume sanguíneo e prevenir o comprometimento dos órgãos da mãe e do feto.
- Proporcionar repouso absoluto a paciente no leito em Decúbito Lateral Esquerdo, para diminuir as demandas de oxigênio;
- Encaminha a cliente ao Centro Obstétrico
- Monitorar os BCF (batimentos cardio fetal= 140 a 160 por minutos);
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
8. DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
Descolamento da placenta antes do nascimento do feto, tendo como conseqüência a hemorragia.
Tipos
• Separação parcial com sangramento externo;
• Separação parcial com sangramento oculto;
• Separação total;
Sintomas
• Dor abdominal intensa e rigidez uterina;
• Hemorragia vaginal (pode não aparecer);
• Impossibilidade de palpação das partes fetais;
• Ausência ou alteração do foco fetal;
Tratamento
• Geralmente opta-se pela cesariana;
• Transfusões de sangue e hidratação venosa;
• Histerectomia: quando o útero não se contrai;
• Após o parto controle rigoroso do sangramento e sinais vitais maternos;
Complicações
• Embolia do líquido amniótico, morte intra-uterina;
• Coagulação disseminada.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
- Administrar Oxigênio por cateter nasal ou máscara conforme prescrição médica;
- Puncionar acesso venoso calibroso;
- Administrar medicamentos para dor, conforme ordem médica;
- Monitorar o BCF a cada 15 minutos e avise ao médico se valores abaixo de 120/minutos;
- Monitoramento dos dados Vitais, ( Geralmente a FC aumentada e a PA diminui). (Padrões de normalidades: PA= 120/80 mmHg, FC= 60-100 bpm, FR= 12–20 Irpm, T-axilar= 36–37.5°C);
- Verificar possíveis sangramentos vaginais (pois está presente em 80% dos casos);
- Transportar a paciente cuidadosamente para a realização de Ultrasonografia conforme prescrição;
- Preparar a paciente para o parto casaria imediata se houver diminuição dos BCFs do Feto;
- Observar nível de consciência.
- Registrar no prontuário todos os procedimentos e intercorrências.
Referências
ALDRIGHI, José M.; PETTA Carlos Alberto. Manual de Orientação, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), São Paulo: Ponto, 2004
BRASIL, Ministério da Saúde. Urgências e Emergências Maternas: Guia para Diagnóstico e Conduta em Situação de Risco de Morte Materna. Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Área Técnica de Saúde da Mulher. 2000. Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/profissional/acesso_rapido/gtae/saude_da_mulher/urgencias_e_emergencias.pdf
REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. 10a ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005
excelente conceito e orientações, o mais comum nas emergências obstétricas.
ResponderExcluirexcelente conceito e orientações, o mais comum nas emergências obstétricas.
ResponderExcluirEnfermagem com Saúde agradece.
ExcluirVolte sempre!
por favor através das referências, qual delas foi pesquisado os cuidados de enfermagem?
ResponderExcluirMuito bom
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