domingo, 28 de dezembro de 2014


HPV - VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do vírus HPV, sendo que, destas, 270 mil morrem por ano devido ao câncer do colo do útero. Neste ano, o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estimou o surgimento de 15 mil novos casos da doença no Brasil.

HPV É a sigla em inglês para Papilomavírus Humano. Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital.

A infecção pelo HPV é muito frequente, mas transitória, regredido espontaneamente na maioria das vezes. No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.

Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.

Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, são considerados não oncogênicos.

O Câncer de Colo do Útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, que se localiza no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras, são totalmente curáveis na maioria das vezes e, se não tratadas, podem demorar muitos anos para se transformar em câncer.

As lesões precursoras ou o câncer em estágio inicial não apresentam sinais ou sintomas, mas conforme a doença avança podem aparecer sangramento vaginal, corrimento e dor, nem sempre nessa ordem. Nesses casos, a orientação é sempre procurar um posto de saúde para tirar as dúvidas, investigar os sinais ou sintomas e iniciar um tratamento, se for o caso.

Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. Desta forma, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada por infecção por HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.

Fazendo o exame preventivo (de Papanicolaou ou citopatológico), que pode detectar as lesões precursoras. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas é possível prevenir a doença em 100% dos casos.

O exame deve ser feito preferencialmente pelas mulheres entre 25 e 64 anos, que têm ou já tiveram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser feitos com intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, o exame passará a ser realizado a cada três anos.

Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do SUS estão disponíveis em todos os estados do País e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de seu município para obter informações.

Manifestações Clínicas da infecção pelo HPV

 A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Habitualmente as infecções pelo HPV se apresentam como lesões microscópicas ou não produzem lesões, o que chamamos de infecção latente. Quando não vemos lesões não é possível garantir que o HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença.

Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverá alguma forma de manifestação.

A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica.

As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões exofíticas, são tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista". Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos.

As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são chamadas de Lesões Intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau I (NIC I), que refletem apenas a presença do vírus, e de Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau/Neoplasia Intra-epitelial graus II ou III (NIC II ou III), que são as verdadeiras lesões precursoras do câncer do colo do útero.

O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é raro.

 Formas de diagnóstico

A investigação diagnóstica da infecção latente pelo HPV, que ocorre na ausência de manifestações clínicas ou subclínicas, só pode atualmente ser realizada por meio de exames de biologia molecular, que mostram a presença do DNA do vírus. Entretanto, não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV, mas sim suas manifestações.

O diagnóstico das verrugas ano-genitais pode ser feito em homens e em mulheres por meio do exame clínico.

As lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio de exames laboratoriais (citopatológico, histopatológico e de biologia molecular) ou do uso de instrumentos com poder de magnificação (lentes de aumento), após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia).

Tratamento

Não há tratamento específico para eliminar o vírus.

O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.
As lesões de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição do exame preventivo em seis meses.

O tratamento apropriado das lesões precursoras é imprescindível para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento excisional das Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau, por meio de exérese da zona de transformação (EZT) por eletrocirurgia.

Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar a conduta mais adequada.

Após passar por tratamento, a pessoa pode se reinfectar. A infecção por HPV pode não induzir imunidade natural e, além disso, pode ocorrer contato com outro tipo viral.

Médicos ginecologistas, urologistas ou proctologistas podem tratar pessoas com infecção por HPV. Outros especialistas podem ser indicados após análise individual de cada caso.

Transmissão

A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada.

A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal.

Também pode haver transmissão durante o parto.

Não está comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.

Os HPV são facilmente contraídos: Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens.

Para haver o contágio com o HPV, a(o) parceira(o) sexual precisa apresentar manifestações da infecção?

Provavelmente a transmissão é facilitada quando as lesões clínicas estão presentes: foi demonstrado que 64% dos parceiros sexuais de indivíduos portadores de condilomas genitais desenvolveram lesões semelhantes. No entanto não é possível afirmar que não há chance de contaminação na ausência de lesões.

Após o contágio com HPV uma pessoa pode não manifestar a infecção, porém não se sabe por quanto tempo o HPV pode permanecer inaparente e quais são os fatores responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. As manifestações da infecção podem só ocorrer meses ou até anos depois do contato. Por esse motivo não é possível determinar se o contágio foi recente ou antigo.

O fato de ter mantido relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção, mas não sabemos qual é o risco por não conhecermos a contagiosidade do HPV. Apesar da ansiedade ocasionada pela possibilidade de contaminação, não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV. As pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o surgimento de alguma lesão, mas não adianta procurar o médico no dia seguinte, pois isto pode levar semanas a meses para ocorrer. As mulheres devem obedecer à periodicidade de realização do exame preventivo (Papanicolaou).

HPV e gravidez: A ocorrência de infecção pelo HPV durante a gravidez não implica em má formação do feto.

O parto normal não é contra-indicado, pois, apesar de ser possível a contaminação do bebê, o desenvolvimento de lesões é muito raro. Pode também ocorrer contaminação antes do trabalho de parto e a opção pela cesariana não garante a prevenção da transmissão da infecção. A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser determinada pelo médico após análise individual de cada caso.

Prevenção

Como homens e mulheres, independente na orientação sexual, podem se prevenir dos HPV?

Apesar de sempre recomendado, o uso de preservativo (camisinha) durante todo contato sexual, com ou sem penetração, não protege totalmente da infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de ser infectadas. Na presença de infecção na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.

 Vacina contra o HPV:

Existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que estão comercialmente disponíveis: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (nome comercial Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que confere proteção contra HPV 16 e 18.

As vacinas são preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de HPV nelas contidos.

A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas de colo do útero, vulva e vagina e câncer do colo do útero em mulheres e verrugas genitais em mulheres e homens, relacionados ao HPV 6, 11, 16 e 18.

A vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero e câncer do colo do útero em mulheres, relacionados ao HPV 16 e 18.

Nenhuma das vacinas é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou lesões já existentes.

De acordo com o registro na ANVISA, a vacina quadrivalente é indicada para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade e vacina bivalente é indicada para mulheres entre 10 e 25 anos de idade. Novos estudos mostraram que as vacinas também são seguras para mulheres com mais de 26 anos e os fabricantes já iniciaram os procedimentos para que a ANVISA aprove seus produtos para faixas etárias mais avançadas. No momento as clínicas de vacinação ainda não estão autorizadas a aplicar as vacinas em faixas etárias superiores às estabelecidas pela ANVISA.

Ambas as vacinas possuem maior indicação para meninas que ainda não iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. Países que adotam a vacinação em programas nacionais de imunização – PNI utilizam a faixa etária de 9 a 13 anos.

Após o início da atividade sexual a possibilidade de contato com o HPV aumenta progressivamente: 25% das adolescentes apresentam infecção pelo HPV durante o primeiro ano após iniciação sexual e três anos depois esse percentual sobe para 70%.

Não há, até o momento, evidência científica de benefício estatisticamente significativo em vacinar mulheres previamente expostas ao HPV. Isso quer dizer que algumas mulheres podem se beneficiar e outras não. Nesses casos a decisão sobre a vacinação deve ser individualizada, levando em conta as expectativas e a relação custo-benefício pessoal.

Não existe risco à saúde caso uma pessoa que já tenha tido contato com o HPV for vacinada.

Existe evidência científica de pequeno benefício em vacinar mulheres previamente tratadas, que poderiam apresentar menos recidivas. Também nesses casos a decisão sobre a vacinação deve ser individualizada.

A eficácia da vacina contra HPV foi comprovada em homens para prevenção de condilomas genitais e lesões precursoras de câncer no pênis e ânus.

Teoricamente, se os homens forem vacinados contra HPV, as mulheres estariam protegidas através de imunidade indireta ou de rebanho, pois o vírus é sexualmente transmissível. Entretanto, estudos que avaliaram a custo-efetividade das vacinas para a prevenção do câncer do colo do útero através de modelos matemáticos mostraram que um programa de vacinação de homens e mulheres não é custo-efetivo quando comparado com a vacinação exclusiva de mulheres.

A duração da eficácia foi comprovada até 8-9 anos, mas ainda existem lacunas de conhecimento relacionadas à duração da imunidade em longo prazo (por quanto tempo as três doses recomendadas protegem contra o contágio pelo HPV) e a necessidade de dose de reforço (aplicação de novas doses da vacina no futuro na população já vacinada).

As vacinas são seguras e bem toleradas. Os eventos adversos mais observados incluem dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção e dor de cabeça de intensidade leve a moderada.

A vacina está contra-indicada para gestantes, indivíduos acometidos por doenças agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou excipientes) de imunobiológicos.

Há pouca informação disponível quanto à segurança e imunogenicidade em indivíduos imunocomprometidos.

Ambas são recomendadas em três doses, por via intramuscular. A vacina quadrivalente tem esquema vacinal 0, 2 e 6 meses e, caso seja necessário um esquema alternativo, a segunda dose pode ser administrada pelo menos um mês após a primeira dose e a terceira dose pelo menos quatro meses após a primeira dose.

A vacina bivalente tem esquema 0, 1 e 6 meses, podendo ter a segunda dose administrada entre um mês e dois meses e meio após a primeira dose e a terceira dose entre cinco e 12 meses após a primeira dose.

As meninas ou mulheres vacinadas NÃO podem dispensar a realização do exame preventivo É imprescindível manter a realização do exame preventivo, pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a prevenção secundária.

A vacina contra o HPV está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS): Desde março deste ano, o Ministério da Saúde passou a ofertar no Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina contra HPV para meninas de 11 a 13 anos. O vírus HPV é responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero - terceiro tumor mais frequente na população feminina e terceira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

As adolescentes foram então vacinadas com a primeira dose e em setembro, começaram a receber a segunda dose da vacina. Até início de dezembro quase 5 milhões de meninas na faixa etária indicada tomaram a primeira dose e cerca de 2,6 milhões foram vacinadas com a segunda, o que representa 97% e 53% do público-alvo, respectivamente. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, serão vacinadas as meninas de 9 anos de idade.

Embora a vacina faça parte do Calendário Nacional de Imunização do SUS e estejam disponíveis durante todo o ano nos postos de vacinação, as adolescentes devem seguir o cronograma de intervalo entre uma dose e outra.

No dia 10 de março de 2014 começou a primeira campanha nacional de vacinação contra o vírus do HPV. E em menos de um mês 2,6 milhões de meninas de 11 a 13 anos foram vacinadas em todo território nacional. Isso representa 63% da meta do Ministério da Saúde, que é vacinar 80% do público-alvo da campanha, o equivalente a 4,1 milhões de garotas.

Fontes e Links Úteis:

INCA - Instituto Nacional de Câncer:http://www.inca.gov.br



 
MAIS MÉDICOS: PROGRAMA LEVOU ATENDIMENTO PARA MAIS DE 50 MILHÕES DE PESSOAS

 
O Programa Mais Médicos abrange uma ampla estratégia de melhoria do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) com foco na Atenção Básica, por meio da atuação em diversas frentes. Uma delas é o provimento emergencial de médicos para locais onde havia dificuldade de contratação desses profissionais, principalmente no interior e nas periferias de grandes cidades do País. Com o eixo de provimento emergencial, o Mais Médicos levou 14.462 profissionais para 3.785 municípios e todos os 34 distritos indígenas (DSEI), expandindo o atendimento a 50 milhões de pessoas. São 11.429 profissionais atuando no País por meio da cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 1.846 médicos formados no Brasil e 1.187 com diplomas de outros países.

Programa lançado em julho de 2013 pela presidenta Dilma Rousseff, o Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS. Além da ampliação imediata da assistência em atenção básica, o Mais Médicos prevê ações estruturantes voltadas à expansão e descentralização da formação médica no Brasil. Até 2018, serão criadas 11,4 mil novas vagas de graduação em Medicina e mais de 12 mil novas vagas de residência médica.
 
Fonte: Portal Brasil
 
Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/ubs2wy
Publicado: 26 Dezembro 2014

terça-feira, 9 de setembro de 2014

ASPECTOS ÉTICOS NO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA CLÍNICA


 
Aspectos Éticos e Legais no Atendimento de EMERGÊNCIA
 
Aspectos legais

Como Socorrista você deve conhecer os princípios éticos legais dos atendimentos em emergências, para conduzir suas ações de forma juridicamente correta, evitando complicações e processos judiciais para você e para sua instituição. Leis e regulamentos variam de uma região para outra. Você deve se manter informado das particularidades legais e protocolos da sua localidade.

Obrigatoriedade de socorro
Um cidadão comum poderá prestar auxílio simplesmente sinalizando o local e telefonando para o Resgate. No entanto, como Socorrista sua função possui o preceito de obrigatoriedade implícita de prestar socorro, e também, subentende que o atendimento seja prestado com qualidade profissional. Como Socorrista, será sua obrigação socorrer com proficiência e atualização.

Ao receber um chamado, você deverá imediatamente se dirigir para o local do incidente e fazer o atendimento adequado, mantendo-se dentro do limite de treinamento que você recebeu. Se você aplicar procedimentos errados ou se você negar socorro, sua instituição (ou ambos), assumirão solidariamente pela omissão de socorro, ou por negligência, ou incompetência, ou má fé.

Qualidade do atendimento

Qual a qualidade técnica esperada do atendimento realizado por um Socorrista?

Não se pode esperar que a qualidade técnica do atendimento prestado por um Socorrista seja igual ou superior aquela prestada por um médico. Portanto você não poderá ser responsabilizado com base nessa comparação. Mas a qualidade do atendimento será comparada com o nível de cuidados que outro Socorrista, com treinamento igual ao seu, teria aplicado em circunstâncias similares. Como Socorrista será esperado que você atenda às ocorrências com a proficiência que demonstrou nos testes para receber o seu certificado de Socorrista. No entanto, circunstâncias ambientais adversas podem interferir na qualidade do atendimento. Por exemplo, uma ocorrência noturna, com chuva e neblina, poderá dificultar significativamente e influenciar na qualidade do atendimento. Evidentemente que o desempenho será diferente daquele realizado em uma sala bem iluminada. Para cumprir o padrão, atenda todas as vítimas com prudência, mantendo-se bem informado e atualizado quanto às técnicas e quanto aos protocolos vigentes e, dê à vítima a atenção que o outro Socorrista, com treinamento igual ao seu, daria nas mesmas circunstâncias. É fundamental conhecer exatamente os protocolos exigidos na sua localidade.

Abrangência de atuação e responsabilidade
A abrangência de atuação do Socorrista pode ser definida por um currículo nacional ou regional. Por exemplo, nos EUA o currículo de Socorrista foi desenvolvido pelo Departamento de Transportes - DOT. O currículo define a capacitação necessária que o aluno deve obter durante um programa de Socorrista e predefine também as seqüências técnicas de atuação. Esses regulamentos e algumas normas podem ser, se necessário, modificadas pelo Regulador Médico para viabilizar o atendimento em circunstâncias locais. Em menor escala, o Regulador Médico de uma instituição, poderá também alterar alguns detalhes específicos dos protocolos ou a hierarquia de comando, para melhor definir a função do Socorrista. Por exemplo, em alguns casos, o Regulador Médico poderá decidir monitorizar os atendimentos por rádio ou telefone celular ou, com câmaras de vídeo.

Responsabilidades éticas e competências
A ética e a confiança estão implícitas à função do Socorrista. Assim você deve corresponder a essa confiança com atitudes profissionais, dentro de padrões convencionalmente aceitos. Procure melhorar seu desempenho. Sua instituição deverá manter programas de educação continuada, permitindo sua atualização. Tire o máximo de proveito desses programas. Não seja medíocre participando dos cursos simplesmente para cumprir carga horária. Comportamento ético requer honestidade. Prepare relatórios que expressem com fidedignidade as condições encontradas. Emita relatórios completos e precisos. Se você cometer um erro documente, não esconda. Nunca mude um relatório, a menos que seja para melhorar. Lembre-se que suas ações podem determinar a diferença entre a vida e a morte. A sua competência e comportamento ético são ingredientes valiosos para você, para sua instituição e, principalmente para a vítima.

Consentimento Expresso
Define a permissão que a vítima concede ao Socorrista em uma situação de emergência para que possa prosseguir com o atendimento. Se você deixar evidenciada sua função, em geral a vítima expressará o consentimento sem estresse e, com isso você estará conquistando a confiança e a cooperação da vítima. Esses dois elementos são fundamentais para você realizar um bom atendimento. Se a vítima não expressar o consentimento poderá então ser atendida dentro do princípio de consentimento implícito.

Consentimento implícito
Fica definido com mais evidência quando a vítima está inconsciente. Dentro do princípio legal a vítima terá dado, como resultado de sua incapacidade de se comunicar, o consentimento implícito para receber ajuda. Assim sendo, o Socorrista nunca deve de atender uma vítima inconsciente.

Consentimento de menores.
Menor é um indivíduo que não atingiu idade legal para assumir responsabilidade por seus atos. De acordo com a lei, menores – 18 anos, dependem de pais ou responsáveis para consentir o atendimento. No entanto, se o consentimento dos pais ou tutor legal não pode ser obtido, não hesite em atender. Não negue o atendimento a um menor simplesmente porque não conseguiu obter permissão dos responsáveis legais. Repasse a responsabilidade da autorização para os encarregados do hospital. Eles determinarão se o atendimento hospitalar poderá ser ou não adiado até que a permissão seja obtida. Lembre-se que o atendimento pré-hospitalar será sua responsabilidade. Ao seguir os protocolos você estará obtendo subsídio legal sob o ponto de vista de interpelações jurídicas.

Consentimento de pessoas com deficiência de desenvolvimento mental.
Se a vitima aparenta estar fora da realidade, recusa o atendimento ou coloca em risco você e outras pessoas, as ingerências legais nesse caso podem ser complexas. Um adulto dentro de suas faculdades mentais poderá, legalmente, recusar ser atendido. Porém, mesmo para os médicos com treinamento especializado poderá ser complicado determinar se a vítima está ou não consciente de seus atos. Em geral, se uma pessoa aparenta ameaçar sua própria integridade física, ou a de outros, será necessária providência imediata para submete-la a cuidados médicos. Você e pessoal do Resgate devem conhecer os mecanismos legais para lidar com vítimas que se recusam a receber atendimento e parecem não estar tomando atitudes racionais e razoáveis.

Recusa ao socorro
- Qualquer pessoa mentalmente apta é considerada competente legalmente para recusar o atendimento de emergência. Neste caso você deverá continuar tentando convencer a pessoa a aceitar sua ajuda e fazê-la entender quais as conseqüências que poderão advir dessa recusa. Em determinadas circunstâncias, outro membro da equipe ou um policial, pode ajudar a convencer a vítima.

Diretiva de avanço – Vítimas podem expressar através de testamento com anuência médica a recusa ao socorro. Esse processo é expressa o desejo da vítima portadora de doenças terminais, de não ser ressuscitada caso venha a sofrer parada cárdio respiratória.

Abandono
Fica caracterizado quando o atendimento de emergência é iniciado por uma pessoa com treinamento adequado e em seguida é interrompido antes que outra pessoa assuma o atendimento. A situação mais comum é observada quando o Socorrista avalia a vítima e determina que não há necessidade de remoção para um hospital, pressupondo que a vítima irá se recuperar sozinha e ao invés disso a condição da vitima se agrava ou leva ao óbito. O atendimento foi iniciado, mas a vitima foi abandonada antes que outra pessoa assumisse o caso, a vítima foi abandonada.

 Morte no local
Se quando você chegar ao local houver qualquer indicação que a vítima está viva, você deverá iniciar o atendimento adequado. No entanto se houver evidências de morte, você deverá seguir as normas e leis vigentes na localidade e cumprir os protocolos da sua instituição.

 Evidências de morte – As evidências que indicam que uma pessoa está morta são:

a)       Decapitação – A cabeça está separada do corpo.
b)      Rigor mortis – Enrijecimento dos músculos que ocorre horas após a morte.
c)       Decomposição – Quando a morte já ocorreu há mais de um dia.
d)      Lividez cadavérica – Cor vermelha ou roxa do sangue que decanta em direção ao solo, no corpo de uma pessoa morta. Lividez ocorre várias horas após a morte.
 
Negligência – Fica caracterizada quando lesão ou dano adicional acomete a vítima como resultado do atendimento realizado fora dos protocolos.

Confidencialidade
Informações confidenciais incluem: circunstâncias da ocorrência, local onde a vítima foi encontrada, dados obtidos com a avaliação, histórico de saúde e atendimentos prestados à vítima. Estas informações somente podem ser repassadas para o Resgate. Não repasse informações sobre a vítima nem mesmo para seus familiares e amigos. Informações públicas incluem: tipo de acidente e o nome da vítima. Procure saber quais informações são consideradas públicas pela sua instituição. Informações públicas podem ser divulgadas para a mídia através do processo que a sua instituição tenha aprovado.

Bom Samaritano
Pessoa que age com boa fé, durante uma situação de emergência, com a intenção pura e descomprometida de ajudar a vítima, sem esperar por qualquer compensação financeira ou promocional, sem malícia, sem desvio de conduta, sem ofender convecções sociais, sem maldade ou negligência grosseira, mantendo-se atualizado através de cursos reconhecidos, e aplicando os protocolos de primeiros socorros.

Regulamentos
Como Socorrista você estará sujeito a regulamentos que podem incluir, portarias administrativas da sua instituição, leis municipais, leis estaduais ou federais, parecer técnico do Conselho Federal, etc. São especialmente importantes as leis que regulamentam seu direito de exercer a profissão e de atuar como Socorrista. Os regulamentos, normas e portarias podem exigir que você registre seu certificado através de uma agência ou instituto estadual. Será sua a responsabilidade de manter atualizados os registros, credenciais ou certificados.

Relato de ocorrência
- Instituições governamentais exigem emissão de relatórios de ocorrências que incluam crime e doenças infecciosas e suicídio. Dentre essas ocorrências estão incluídos: ferimentos com faca, ferimentos com arma de fogo, acidente automobilístico, suspeita de abuso infantil, violência doméstica, abuso de idosos e estupro. Você deverá saber quais categorias de crimes devem ser relatadas na sua área. Você também deverá saber o método utilizado para emitir o relatório e como são administrados pela sua instituição. Doenças infecciosas devem também ser relatadas para as autoridades de saúde sanitária e você deverá se informar como esse processo é conduzido na sua instituição.

 Em caso de crime – Siga os seguintes procedimentos:

a)       Proteja-se. Procure garantir as condições de segurança local.
b)      Se não estiver seguro, aguarde a polícia.
c)       Sua prioridade é atender a vítima. Nada além da sua segurança pessoal deverá desviá-lo desse objetivo.
d)      Movimente a vítima somente se for necessário. Antes de mover a vítima, produza uma foto mental da cena.
e)       Toque somente no que for necessário para ter acesso à vítima. Após atender a vítima, saia do local.
f)        Preserve todos os detalhes encontrados na cena do crime para investigação posterior. Não mexa na mobília do ambiente a menos que esteja dificultando seus movimentos para prestar os cuidados necessários à vítima.
g)      Preste atenção onde você posiciona o seu equipamento. Evidências podem ser destruídas ou alteradas se você apoiar equipamentos sobre elas.
h)       Mantenha todos os curiosos afastados do local.
i)         Após o atendimento prepare um relatório e faça um desenho da cena, mostrando como e onde você encontrou a vítima. Isso pode ser útil se você precisar lembrar do incidente 2 ou 3 anos depois.

 Documentação
- Após concluir, registre todos os detalhes. A documentação deve seguir as instruções da instituição. A documentação é um instrumento importante porque não será capaz de memorizar detalhes de todos os atendimentos que prestou ao longo de um período determinado de tempo. A documentação também serve como registro legal no caso de processo judicial. A documentação deve ser clara, precisa e legível e deve incluir as seguintes informações:

a)       Condição da vítima quando encontrada.
b)      Descrição da vítima, da lesão ou da natureza do mal súbito.
c)       Sinais vitais iniciais e posteriores.
d)      Atendimento que você deu à vítima.
e)       Nome da instituição e da pessoa que assumiu a vítima.
f)        Quaisquer outros fatos notáveis.
g)      Qualquer possibilidade de exposição às doenças infecciosas.
h)       Qualquer fato incomum relacionado ao caso.

 Referências

01) NORMAN E. MCSWAIN; SCOTT FRAME; JEFFREY P. SALOMONE, Atendimento Pré-Hospitalar Móvel PHTLS. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004.
02) PIRES, M.T.B.; STARLING,S.V, Manual de Urgência em Pronto Socorro. Riode Janeiro: Editora MEDSI/GB - 2002.
03) BERGERON,J. David, Primeiros Socorros. São Paulo – SP: Atheneu, 1999